Entenda porque comida baiana é tradição toda sexta-feira
- Baianidade News
- 13 de mai. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 14 de mai. de 2022
Por Ana Caroline Carneiro e Joice Cirqueira
Prato tradicional carrega um encontro de culturas fruto de um processo histórico

Foto: Reprodução/Redes sociais (Instagram As Melhores Coisas de Salvador)
No Brasil existem ‘vários países’ dentro de um só. Cada estado tem características peculiares que se relacionam aos mais diversos fatores e a grande maioria deles formam e transformam a cultura local em uma variedade de descobertas.
A Bahia, em questão, é conhecida como um dos locais mais ricos em cultura, costumes e diversidade. Um dos principais destaques é a sua culinária que é prestigiada pela população em todas as sextas-feiras, seja Santa ou não. Na mesa do baiano, em restaurantes ou até no caminho de volta para casa após um dia de trabalho, o acarajé, caruru, vatapá, são desejados. A moqueca e a farofa de dendê, combinadas ao feijão de leite, então? Dão água na boca dos soteropolitanos.
A união de todos esses acompanhamentos cheios de sabor e intensidade, transformaram o cotidiano em uma das culinárias mais famosas do mundo: a baiana.
Esse hábito faz parte de processo cultural, enraizado em nossa sociedade a muito tempo, tendo como principal influência os africanos, que no período de escravidão, inseriram na cozinha baiana diversos ingredientes típicos, como a pimenta malagueta, o quiabo, o azeite de dendê, além de muitos outros. Outro fator importante que vem dessa tradição é a questão religiosa, principalmente para o catolicismo e a religião de matriz africana.
Desde os tempos dos jesuítas (cristãos) a comida baiana é tradicionalmente feita e degustada nas sextas-feiras, deixaram de comer carne vermelha, passando a comer peixe. Eles trouxeram esse hábito para a cultura baiana, incrementando com o azeite de dendê – que foi extraído da fruta pelos escravizados, manualmente no pilão. Os candomblecistas não comem comida baiana no último dia útil da semana, as comidas precisam ser leves, já que o dia é visto como purificador e de leveza.
A chefe de cozinha, Laís Fontes (25), explica que quando trabalhou em São Paulo sentia que existia uma expectativa do chefe de cozinha e dos seus colegas sobre as comidas que eram feitas.
"Uma vez eles fizeram um acarajé, que quando eu olhei sabia que não era nada comparado ao do nosso estado, eles ficaram na expectativa para saber minha opinião, ainda mais que na época eu era novata no restaurante", conta.
Segundo Laís Fontes, os restaurantes de Salvador, a não ser que seja um restaurante muito específico como churrascaria, restaurante de massas, italiano ou sushi, cada um desses que não tem essas características muito bem definidas, tem comida baiana na sexta-feira. É unânime. Restaurantes, bistrôs, hotéis principalmente porque recebe muitos turistas.

Foto: Reprodução/Redes sociais (Instagram Porteño Grill)
"Em Salvador tem comida baiana, em quase todos os estabelecimentos, seja ele pequeno, grande, ou até mesmo em marmitarias que são mais populares hoje em dia. Precisa ter comida baiana em seus cardápios na sexta-feira porque é uma grande tradição e não vejo isso reduzir ao longo do tempo, pelo contrário vejo só crescer. Inclusive eu tenho pedidos de clientes basicamente toda semana", conta Laís.
De acordo com a Secretária Municipal de Cultura e Turismo de Salvador, a gastronomia já é o quinto motivo que mais leva viajantes ao estado e a maioria tem vontade de conhecer Salvador, pelas suas tradições e comidas.
Silvia Moreira (45), foi chefe de cozinha em um restaurante por 13 anos que fica no shopping da Bahia, pra ela essa função foi tão boa e complexa ao mesmo tempo, já que a função de chefe de cozinha não fica só restrito a comida, mas a todo trabalho que a cozinha executa, por ser baiana, a comida baiana está permanentemente presente no seu cotidiano.
“Eu vejo como uma questão tradicional da cultura baiana, então hoje quem vem a Bahia, vem interessado na comida baiana, pois ela tem um glamour que vai de restaurantes a baianas de acarajé nas ruas. Muito importante para o baiano e brasileiro em si”, conta.
A cultura, culinária, tradição são elementos tão fortes e poderosos, que são capazes de encantar, unir e inspirar milhares de pessoas, sejam elas baianas, de outras regiões do Brasil e até mesmo pessoas de outro país. A culinária conta histórias de povos, etnias e gerações, que jamais devem ser esquecidas e sempre passadas para frente.
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